Dia 4 de Março são as eleições na Rússia. Guennadi Ziuganov é o candidato com mais hipóteses de bater Vladimir Putin. Ziuganov é o presidente do Partido Comunista da Federação Russa - sucessor do antigo Partido Comunista da União Soviética -, segundo maior partido no país.
Este post serve apenas para fazer referência a um post e sublinhar um trecho dum comentário. Li esse post, após ler um comentário interessante no facebook, dizia apenas:
"Não te iludas. As eleições burguesas não permitem que ganhem comunistas."
Será? Será que as nossas democracias não respeitam a vontade popular? Afinal, chamam-se democracias! O post responde à questão a partir dos acontecimentos que resultaram no final da URSS. É um excelente texto. Mas atenção também ao segundo comentário ali feito, que me faz transcrever aqui um trecho:
Em geral os sistemas desproporcionais e o desenhar dos círculos eleitorais obedeceu quase sempre ao objectivo de quebrar a espinha aos comunistas, (...) [Exemplo:] nas eleições de 1946, o Partido comunista francês obteve quase 5 milhões de votos e ficou com 103 deputados, enquanto outros 3 partidos que se ficaram entre os 2 e 2,5 milhões de votos obtiveram quase o mesmo número de assentos parlamentares (96, 95, 93). O partido do De Gaule, com 4 milhões, teve 123 assentos…como isto não bastasse, achou-se melhor requintar a coisa… Em 58, o PCF com praticamente 3,800 milhões de votos teve direito a 10 (!!) lugares no parlamento, enquanto o gaulista UNR com 3, 600 milhões de voto ficou com 189 assentos parlamentares…(ou seja, 200 000 votos a menos dão direito a quase 19 vezes mais representação parlamentar…) e partidos que tiveram metade dos votos do PCF (como o MRP, partido democrata-cristão) tiveram direito a 57 assentos. Mas há casos mais escandalosos…é só escavar um pouco mais fundo. [link]
Ora, o meu raciocínio é este: a crise económica força o rumo para a guerra. É simplista, mas penso que estar correcto. Pelo pouco que conheço de história, observo com inquietude que os tempos que vivemos têm demasiadas semelhanças com os tempos que antecederam a Primeira Grande Guerra.
A conquista dos recursos do planeta por parte do regime norte-americano juntamente com seus aliados passa agora por atacar a Síria, que pode ser considerado como preliminar para o ataque directo ao Irão, e devido à sua importância geo-estratégica pode desencadear uma guerra de proporções globais.
Como não sou entendido nestas questões, foi com agrado que dei com um blog onde se tem publicado a opinião dum tal Pedro de Pezarat Correia. Li o seu primeiro texto, deixou-me interessado em acompanhar os seguintes, e agora serei leitor atento. Ele escreve às segundas-feiras no A Viagem dos Argonautas. Sei agora, pela biografia disponibilizada pelo blog, que Pezarat Correia pertenceu ao MFA, e quando regressado a Portugal integrou o Conselho da Revolução, comandou a Região Militar do Sul é corresponsável pelo "Documento dos Nove". A leitura deste post é importante. O acompanhamento dos post de Pezarat Correia pode ser feito por aqui.
Estávamos a entrar no cemitério. O morto ia na frente liderando o cortejo. Três idosos esperavam sentados num banco à entrada. No momento em se vão levantar para seguirem o "líder", um vira-se para os restantes e diz:
- Vamos. Vamos lá aprender o caminho.
"Não existe neutralidade na canção. Tenho pensado muito nisso por causa dessa treta de nos chamarem cantores de intervenção. Chamarem-nos cantores de intervenção é uma forma de desresponsabilizar os outros que não o são. Parece que, normal é uma pessoa não intervir, não se meter “nessas coisas”. Quando qualquer ocupação do espaço social – em cima dum palco, num disco, num tempo de antena (…) – é relevante do ponto de vista da nossa relação com a comunidade. Portando, não há neutralidade nisso. Se eu ficar a cantar baboseiras, parvoíces, ou coisas completamente anódinas que contribuam para estupidificar as pessoas, etc, eu estou a intervir, sou activo na mesma, estou a dizer: «É pá, ficas quietinho, não faças nada. Tu és um escravo. Não levantes a garimpa, continua isso, nasces, morres, e continua o processo. Não faças nada.» Outros, seja a falar de amor, seja a falar das relações sociais, seja a falar de poesia – das grandes coisas da alma humana -, exprimem-se, entregam-se, questionam-se. Isso, quando passam para si e para os outros… [tem um efeito]". [*]
José Mário Branco
Lembrei-me destas palavras após de ter visto várias reportagens fazendo, hoje nos média, observações que demonstravam o desejo de separar o José Afonso músico e o José Afonso político. Não são separáveis, e a arte produzida por ele são obras maiores muito por isso. Se ele tivesse optado pela «mulher gorda a mim não me convém» talvez nem a pandeireta tivesse resistido após 25 anos. A arte deve ser politizada, e os artistas que se furtam a politizar a sua arte estão a descurar na sua cidadania, ainda por mais nos momentos difíceis que vivemos: não é por acaso que se sente o desejo de novos Zecas...
Como separar o músico do político com obras destas?!
Impossível, nem que fosse apenas porque somos, querendo ou não, sempre políticos.
"Quando se considera o trabalho como primeira necessidade, separa-se a finalidade produtiva do próprio acto que lhe dá origem, pelo que a produção passa a ser um fim e não um meio para a satisfação das necessidades sociais."
Do livro: Pequeno Curso de Economia, Fernando Sequeira, Gorjão Duarte, Sérgio Ribeiro, Ed Avante!, (p 74).
Pelo blog do Vasco fico a saber que o Manifesto Comunista foi escrito há precisamente 164 anos. A transcrição feita no post é da fase inicial da obra, trata-se de um trecho fantástico. O Manifesto é, como se costuma dizer, de leitura obrigatória.
O objectivo deste post é contudo duas notas que Engels adiciona na edição inglesa de 1888 quanto aos termos burguesia e proletariado. Por os termos levantarem questões que me são frequentemente feitas vou transcrever as duas nota:
Por burguesia entende-se a classe dos Capitalistas modernos, proprietários dos meios de produção social e empregadores de trabalho assalariado.
Por proletariado, a classe dos trabalhadores assalariados modernos, os quais, não tendo meios próprios de produção, estão reduzidos a vender a sua força de trabalho para poderem viver.
É importante notar que ambas as classes sociais estão definidas quanto à relação que as pessoas têm com os meios de produção. Na linguagem corrente - logo também no pensamento dominante - o conceito classes sociais costuma ser uma referência ao poder de compra. Sobre isto sugiro este curto e elucidativo texto, aqui.
«Produção é a actividade humana que, consciente e intencionalmente, adapta os recursos e as forças da natureza com o fim de criar bens, a que chamamos produtos, para satisfazer necessidades humanas.»
«Organizações sociais há que põem em primeiro lugar a realização de outros objectivos que não os de satisfação de necessidades sociais reais. Tal comportamento leva àquilo que se pode chamar "criação artificial de necessidades" ou o estímulo à criação de necessidades artificiais - pela publicidade, por exemplo - para provocar uma procura que alimente uma actividade económica geradora de lucros e de riqueza.»
Em jeito de conclusão: "(...) no modo de produção capitalista, a verdadeira essência da produção, que é a de satisfazer as necessidades sociais, é subvertida pela finalidade de reprodução (e acumulação) do capital."
Vende-se Fiat Punto com problemas eléctricos e cheiro a mofo por 40 euros. No interior vai, incluído na venda, um saco com 600 mil euros.
É o típico negócio do nosso dia-a-dia, ainda ontem comprei um iogurte e no interior do pacote vinha arca frigorífica. Surrealismo? Não, surreal é fazer referências quanto à natureza de classe do Governo a partir do caso do BPN. Estás a acompanhar o raciocínio? Então clica onde diz "Ler mais".
"O valor de troca é a relação quantitativa pela qual os valores de uso de diferente espécie se trocam entre si (...). A condição de possibilidade da troca é a de que mercadorias contenham um elemento comum que permita compará-las."
Esse elemento comum será a utilidade ou o trabalho que incorporam?
"Apesar das aparências, a utilidade não pode ser considerada como fonte de valor uma vez que, por definição, só se trocam mercadorias com utilidades diferentes. Ninguém troca um par de sapatos por um outro par de sapatos exactamente igual (...). Mas já se trocam sapatos contra pão, ou sal, e todas estas mercadorias se caracterizam por serem produtos do trabalho (concreto) humano."
"É a quantidade de trabalho socialmente necessário para se produzir uma mercadoria que lhe atribui o valor de troca".
O valor de uso forma uma unidade dialéctica com o valor de troca - acrescento, apartir do que li no livro.
"O valor de uso de uma mercadoria é a aptidão desta de satisfazer uma necessidade social determinada, é a sua utilidade própria, específica, (...). Como os alimentos serem comestíveis e o carvão de ser combustível."
"Todas as mercadorias têm valor de uso, nem mercadorias seriam se não o tivessem, mas também há valores de uso fora do «universo» das mercadorias."
Há fases em que a disponibilidade para seguir a actualidade ou ler algo intelectualmente estimulante é difícil, seja por falta de tempo ou por cedência ao cansaço. A queda numa ainda maior alienação torna-se difícil de evitar.
No ano transacto houve um blogue que foi de leitura imprescindível para mim, às vezes a única leitura nos dias de menor disponibilidade. A regularidade nas publicações e diversidade de assuntos com ênfase na actualidade e política, são características de que aprecio. Dos vários blogues que sigo com regularidade é neste momento o meu favorito - e, não é por conhecer o seu autor, que o digo; não é mesmo.
Falo do blogue o Companheiro Vasco, cliquem na imagem para visita-lo:
A série «fox news», onde o blogger desmonta a manipulação dos média, arrisca-se a ter mais episódios que Os Simpsons. É um daqueles blogues que vale a pena regulares visitas e também tê-lo na barra lateral como recomendação. E a recomendação aqui fica, espero que a apreciem.
No sábado fui ao Terreiro do Paço. Apanhei o comboio e saí no Cais do Sodré ainda não eram 15h e chegava ainda muita gente e muito autocarro. Subi em direcção ao Restauradores passando pelo Chiado e Largo do Carmo onde me ia desligando da manifestação, mas vendo sempre vários grupos a caminho dela. Chegado aos Restauradores encontro-me com um amigo. Espera, com muitos outros, a sua vez de descer a Avenida, estão impacientes e fazem umas quantas críticas construtivas à organização. Cansado de esperar digo "Vou até ao Terreiro do Paço e já volto", mas não voltei.
Enquanto descia o ambiente ia-se alterando. Ficando cada vez mais animado pelo sentimento de multidão. Entretanto noto que não há espectadores nos passeios observando o desfile como é costume! Já na Rua do Ouro, de megafone na mão um fanhoso dava as palavras de ordem engolindo metade das sílabas. Olho em volta procurando risos de desdém, mas não há, apenas sorrisos de surpresa por mais uma visão insólita, e toca a descer até ao Terreiro do Paço cada vez a passo mais largo. E, finalmente, cheguei.
Cheguei, mas não posso parar pois atrás vem mais gente. Ficou claro que pertencia a um rio cujo fluxo de gente passava de laminar para turbulento enquanto "colidia" com quem já se encontrava no Terreiro. Decido dirigir-me para perto do palco e logo um novo rio de gente que descia a Rua Augusta me interrompe a caminhada, paro, e escolho o melhor momento para nadar até à outra margem, e... finalmente, o palco. Ai nesse ponto o ambiente era ainda mais especial, a experiência de quem permaneceu nessa zona foi muito diferente de quem, como eu, procurou um local mais sossegado e longe do palco. "Somos mais de 300 mil... Ainda há trabalhadores nos Restauradores e...", dão música para fazer tempo que mais cheguem, cantam Adriano Correia de Oliveira e a Confederação quando já me afastava, fantasio então que haja moche e nem olho para trás para confirmar, mas arrependo-me de não estar a ouvir tal som no meio daquela multidão em festa.
Encontro-me com uma mãe e filho que me esperavam junto à Estação Fluvial. Eles são um dos responsáveis por me ter tornado comunista. As manifestações servem também para nos encontrarmos com os amigos. E ali esperava por outros que vinham ainda por outro "rio" vindo de Santa Apolónia. São muitos, mas várias faixas com uma dizendo "Couço, contra o fecho dos CTT" acusa a presença deles. Como muitos outros, chegam após várias horas de viagem e de caminhada até ali.
Quanto vou ter com eles e os encontro já fazem planos para se irem embora: "O nosso autocarro deve estar quase no Parque das Nações... temos de ir cedo... há muitos idosos". Parque das Nações!! Faz sentido, a quantidade de autocarros era mesmo impressionante, tal como assistira antes entre Santos e o Cais do Sodré. E antes do discurso de Arménio Carlos acabar já se tinham ido embora com a promessa de voltar à capital.
Teria de ter jeito com as palavras para descrever uma manifestação como esta. A quantidade de manifestantes é apenas mais um dado e há algo muito mais para além dos números.
Gente inteligente esteve nestes dias a calcular a área do Terreiro do Paço e, a partir duma optimista concentração de pessoas, estimaram a capacidade máxima de seres humanos que local pode acomodar [exemplo]. É o tipo de inteligência que acha que a matemática feita sem descer ao terreno é ciência magicamente exacta, é uma visão elitista, do género que pensa que dum gabinete pode compreender o mundo e até governa-lo ou transforma-lo, mas a matemática só é usada correctamente quando ligada à vida, à prática, e o Terreiro do Paço não foi um local de estadia, mas sobretudo de passagem e de encontro.
Os intelectuais de gabinete jamais compreenderão este tipo de manifestação como as da CGTP. Nem eu que sai do "gabinete" há uns poucos de anos as compreendo ainda muito bem. Mas eles só pensam em números e nem nisso acertam. Falham nos cálculos, pois a multidão move-se, transforma-se durante as muitas fases duma manifestação, não fica estática nem no Terreiro do Paço nem nunca; e se calhar é isso que os perturba: o movimento.
Tocou-se os três hinos. O da CGTP. O de todos nós. E o de Portugal. E fim.
Os intelectuais de gabinete possivelmente acreditarão que a manif teve aqui o fim, mas quem lá esteve ou costuma fazer multidão perceberá que somente o post terminou.
Nestor Kohan:
(...) [Durante o processo revolucionário] a CIA estava activa em Portugal?
Gen. Vasco Gonçalves:
A CIA estava activa! Sim! Juntamente com a CIA estavam activos os serviços de inteligência britânicos. Quanto à CIA é bem conhecido o caso do ex-embaixador norte-americano em Portugal no tempo da revolução, Frank Carlucci, que depois da sua acção em Portugal foi promovido nos Estados Unidos a vice-director da CIA. Também são bem conhecidos os elogios mútuos que trocaram Mário Soares, secretário-geral do Partido Socialista e apoio civil da contra-revolução, e Frank Carlucci. Soares chegou a enaltecer recente e publicamente o grande papel deste homem da CIA na "instauração da democracia em Portugal"... Depois dessas declarações que mais se pode acrescentar?...
Este blogue começou por causa dum delírio de tédio misturado com procrastinação e sumo de limão esguichado para os olhos, sem linha editorial definida, sem pretensões de continuar a escrever, onde simplesmente não sabia o que fazer com isto. Agora decidi que será um blogue pessoal, onde escreverei sobre o que me apetecer e como me apetecer, daqueles blogues chatos onde até sobre as minhas peúgas com buracos e outros sinistros menos dramáticos escreverei. Mas, claro, sempre protegido pela superficialidade de três parágrafos, salvo excepções.
Algo é garantido: não me abstendo do meu cargo político de cidadão e naturalmente que a política será assunto frequente por aqui, ainda por cima estando nós a viver neste momento histórico. Deverei abrir espaço para pelo menos mais duas séries - Oeiras, Música... -, não, três séries - Oeiras, Música, Livros... -, afinal, quatro séries - Oeiras, Música, Livros, Vídeos...
Além da autora dos bonecos dos "personagens fictícios" como o Pirata, a Escatumbar, será provável que publique textos de outros convidados, talvez disfarçados de personagens fictícios, talvez não. Por enquanto é tudo, e não precisas de me agradecer por este enriquecedor texto que acabas de ler.
O Pirata é um personagem deste blog que volta e meia rouba umas citações algures na web. Ele diz que tem dois achados perfeitos aqui para o Três Parágrafos.
Vamos então para as citações que o assunto é sério.
A primeira:
Parece que o Observatório Sírio dos Direitos do Homem (OSDH), que alimenta os media mundiais acerca da situação que se vive naquele país, e que todos os dias acrescenta centenas de «mortos» à sua lista, tem sede em Londres e é controlado pelos Irmãos Muçulmanos. Está também em contacto directo com o ministério dos Negócios Estrangeiros britânico e é financiado pelo "National Endowment for Democracy", organização que retira, ela própria, os seus recursos do Congresso dos Estados Unidos.
Chama-se a isto uma fonte credível?
A segunda:
Os americanos quando querem cilindrar um país têm duas linhas de argumentação: ou o governo desse país (que passa logo a "regime") massacra o seu próprio povo e a guerra é "humanitária" - Jugoslávia, Líbia e agora Síria; ou está a desenvolver armas de destruição maciça e a guerra assim passa a ser "defensiva" - Iraque e agora o Irão e quem sabe a Coreia.
Daí deixo um conselho, quando eles vierem com esta conversa, por favor desconfiem... [daqui]
Ambas as citações são da autoria de Gustavo Carneiro.
É fácil notar como os média dos grandes grupos económicos são na maioria do tempo meros porta-vozes dos seus governos, e é mais fácil de perceber isso quando são assuntos de geoestratégia e militares. Muito raramente os veremos a fazer uma análise rica dos vários interesses num conflito. Desconfio sempre destes média e todos os dias me dão razões.
Não vou falar de Judite de Sousa. Pensa antes na entrevistadora mais irritante da nossa televisão. Pensa numa que interrompe constantemente os entrevistados questionando-os com assuntos da pequena política e suas mesquinhices "importantes". Imagina alguém que de forma mais ou menos encapotada tende a sua acção em prol do PSD, mas que dá para descortinar isso com alguma facilidade.
Agora que estamos a pensar na mesma pessoa, nota como é óbvia a sua postura anti-comunista e anti-sindical. Há tempos no final de uma entrevista a Ferreira Leite terminou com um "Foi gira esta última pergunta, não foi?", lembram-se?, foi giro; e recentemente após uma "pergunta" ouviu de Arménio Carlos um "Isso foi uma pergunta ou uma provocação?", foi giro também.
Quanto a Judite de Sousa, ela agora confessa-se ao Público. Mostra como faz por ser uma "menina bonita" do poder financeiro e sempre pronta para fazer um "jeitinho". Mas diz que só percebeu que fez um "jeitinho" depois de o fazer! Como poderia lá ela sequer desconfiar que estaria a entrevistar os maiores banqueiros em quatro dias consecutivos na TV por mero acaso? Só toda a gente percebeu, ela exclusive.
É assim a "imparcialidade"
dos média propriedade do grande capital. É fundamental deixar de
acreditar neles e aprender a traduzir a sua "informação" e motivações. Judite de Sousa deu sem querer um jeito, mas há por ai muita gente a dar-se, consciente ou inconscientemente, para os "jeitinhos". Uns fazem-no porque precisam de ganhar a vida e outros porque sabem como entrar para a vida.
O criminoso e sanguinário regime de Pol Pot sempre foi criticado pelo PCP.
O regime de Pol Pot - dos Khmers Vermelhos - foi derrubado pelos comunistas vietnamitas com o apoio da URSS que intervindo no Cambodja puseram, sob protesto e ameaças do governo dos EUA, termo ao bárbaro genocídio que ali se verificava.
Os chamados «khmers vermelhos» desde que conquistaram o poder sempre foram apoiados pelas sucessivas administrações dos EUA.
Após a queda do regime dos kmers vermelhos criou-se um governo que se propôs iniciar a recuperação do país. Esse novo governo foi alvo de uma intensa ofensiva por parte dos EUA, da Grã-Bretanha, da França e da China. Estes exigiam que os "polpotistas" estivessem representados no novo governo.
Na época os altos dirigentes dos EUA, incluindo o seu Presidente, elogiavam Pol Pot e negavam a dimensão e crueldade do genocídio. Exigiam que ele fosse um cidadão cambojano de plenos direitos, com direito a ser eleito.
No Conselho de Segurança da ONU só a então União Soviética tomou posição clara e inequívoca contra os crimes de Pol Pot e defendendo uma solução democrática para o país.
Fazem por nos convencer que a Luta de Classes não existe. Mas são os próprios média dos grandes grupos económicos que acabam por mostrar exactamente o contrário.
O Correio da Manhã online tem uma rubrica que consiste em ter um jornalista (estagiário, presumo) a entrevistar populares na rua. A frequência com que as peças jornalísticas vão contra as lutas dos trabalhadores é demasiado grande para se pensar ser obra do acaso.
Hoje, a "imparcialidade jornalística" exemplificou-se falando assim:
«Fomos à rua perguntar aos portugueses se não consideram uma falta de respeito por parte dos sindicatos a realização de uma greve, precisamente um dia depois do aumento dos preços dos transportes.» (podem ver aqui)
Para finalizar, dois pontos importantes:
A imparcialidade é um mito.
A manipulação é demasiado óbvia para continuarmos a dar valor à imprensa dos grandes grupos económicos. Devemos informar-nos também pela imprensa popular.