domingo, 25 de dezembro de 2011

O mito de Natal

Nós estamos aqui a festejar exactamente o quê? - ousei perguntar. Expressões faciais provocaram-me instintivamente uma ansiedade cuja perigosidade foi confirmada por olhares ameaçadores. Há assuntos que não se pode falar, percebi.


Nervoso, evitando levar com o menino Jesus do presépio num olho, lá tentei minimizar a tensão momentânea com um «É o solstício de inverno que estamos a festejar, né?»
Alguém retorquiu que isso foi já uns dias atrás. E uma corajosa afirmou:
- Estamos a festejar o nascimento do menino Jesus. - dito com tom de desagrado!
Incauto, lá ia eu fazer outra pergunta acerca do mito religioso quando alguém em tom perturbado:
- Estão aqui as crianças!


Pelo sim pelo não, não puxei pelo assunto antevendo uma possível tragédia familiar em noite de Natal. Sinceramente, o que temi foi ficar sem presentes. Mas afinal havia dois mitos esta noite: o primeiro, era os meus presentes; quanto ao segundo, não é que eu tenha medo, mas receio falar nele. Pelo seguro, para o próximo ano volto a fazer o que fiz há dois anos quando apenas troquei o mito por um cão porta-chaves.

2 comentários:

Rui Silva disse...

:) A cena do cão provocou-me uma gargalhada denunciadora de actividades extra-laborais, aqui no escritório. Evitarei o processo disciplinar?

Bruno disse...

lol.. A cena do cão, tal como a imagem sugere, é mesmo uma true story. As crianças adoraram, os adultos nem por isso.