sexta-feira, 3 de maio de 2013

Corrupção, um dos bodes expiatórios da ditadura do capital

Disse-lhe: «Vivemos numa ditadura do grande capital». A ela desagradou-lhe o termo ditadura e respondeu-me que só dizia isso porque não tinha vivido os tempos do fascismo. Ainda tentei explicar que para uma ditadura ser uma ditadura não precisa necessariamente de exercer terrorismo de Estado contra os seus cidadãos, pelo menos, não abertamente, contudo a tese de que vivemos numa ditadura do capital foi afastada por ela com uma falácia: a afirmação não é verdadeira porque eu sou muito novo. No fundo foi isso.

Mas hoje manda-me um mail com os seguintes sublinhados:
"O que o Estado pagou a mais às PPP só é possível porque a sede da política - Assembleia da República - está transformada num centro de negócios" - isto relativo a uma auto-estrada concessionada em que o concessionário paga multas, ou recebe prémios do Estado, em função da taxa de sinistralidade. 
"Se a sinistralidade aumentar 10%, o concessionário tem de pagar uma multa de 600 mil euros, mas, se houver uma redução de 10% na sinistralidade, o Estado tem de pagar à empresa 30 milhões de euros"
Segundo sublinhado:
Referindo-se à nacionalização do BPN, Paulo Morais lembrou que o anterior governo socialista nacionalizou apenas os prejuízos, que estão a ser pagos pelo povo português, e permitiu que os acionistas da SLN - Sociedade Lusa de Negócios (agora com o nome Galilei), detentora do banco, ficasse com os ativos e com todas as empresas lucrativas.
E por fim:
A aquisição de dois submarinos à Alemanha é, segundo Paulo Morais, mais uma caso de "corrupção comprovada", não pelos tribunais portugueses, mas pelos tribunais da Alemanha. (fonte)
Faz-me lembrar um amigo meu que, há uns anos, ao tentar refutar-me punha-se a explanar uma série infindável de factos que, em vez de negar a minha tese, acabava por confirma-la. Depois repetia e repetia o processo na esperança que conseguisse refutar a minha tese, mas sempre reforçando-a. Não sei o que fazer com pessoas assim, que entregam-se de forma tão fiel a um estado de negação.

Mas, nestes sublinhados acima, há uma tese que sossega as mentes que querem por tudo ignorar a existência na nossa sociedade de uma luta de classes, e uma subjugação da maioria da população ao capital monopolista e financeiro, que é a tese de que a culpa é da corrupção. É como quem diz «isto está mal por causa desses malandros e incompetentes». Mas como surge a corrupção? Como é que a corrupção é tão sábia naqueles que deve favorecer? Porque é tão bem exercida em favor do capital?

Colocar as culpas na corrupção serve como bode expiatório para o que é, na verdade, intrínseco à classe dominante, que é satisfazer as suas necessidades seja como for, e além da corrupção, pode usar ou não abertamente o terrorismo de Estado. Vivemos numa ditadura do grande capital, e penso que uma prova disso é a própria corrupção estar submetida a ele.

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