segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Linhas de Wellington (2012) - 7; Atonement (2007) - 8

A guerra nisto não muda: será sempre uma inimaginável tragédia.

Escusado pensar após um filme que se pode compreender como é uma guerra. «Pois é, é assim, a guerra!!» dizem-me baixinho no meio das Linhas de Wellington. Sorri incomodado, mas censurei-me, não quis incomodar explicando que aquilo era um eufemismo da guerra. Talentosamente o realizador soube como evitar chocar grosseiramente o espectador perante o esborrachar de um bebé contra uma parede. Napoleão não apareceu.

É um bom filme, ao contrário de todos os outros onde Soraia Chaves também faz de puta. Aqui, novamente, a prostituição foi tom eufemístico. Isto não é uma crítica negativa, é realmente um bom filme, ou por outras palavras: eu gostei.

Devo estar numa fase de filmes de guerra (ou com guerra). E de eufemismos. Hoje, foi a vez de ver o filme Atonement, de 2007, fabricado pelo Império Britânico*, onde a meio de uma bela história de amor, surge a guerra, onde se tenta mostrar, sem ferir o espectador, que a guerra é... a guerra. Hitler não apareceu.

vai constipar-se
É um excelente filme. Destacou-se, para mim, a bem elaborada e original história, a cor, e a actriz. Há um cuidado com a fotografia extraordinário, não só no sentido de bons planos, mas sobretudo como era dinâmica e expressiva a mudança das cores e luz. Quanto ao destaque que fiz à actriz, não interessa agora o caso, até porque teria de recorrer a muito boa adjectivação para não cair eu dentro de um eufemismo e afogar-me.

Não quero que pensei que estou a ser irónico quando digo que ambos os filmes tentam mostrar que a guerra é a guerra. Eles tentam, mas contudo, dentro dos limites daquilo que a maioria consegue suportar. Aborrece-me é que alguém pense que aquilo é uma boa representação de como é a guerra. Algo que penso ser inimaginável.

É também curioso expressões como "o senhor é muito humano", significando que o sujeito é um amor de gente. Que será então as violações, as torturas, as matanças, a terra queimada, senão também muito humano?

Talvez me esteja a preparar para apreciar essa humanidade, e ver um filme que me parece tentar mais honestamente retratar a guerra - será?! -, chama-se Idi i smotri (Come and See). Só pelo trailer, decidi que antes de o visionar irei comer só uma saladinha para evitar ficar muito nauseado.

Não se admirem se, quando voltar aqui a escrever, esteja com sintomas de stress pós-traumático. Agora, vou ali sonhar que me afogo no eufemismo daquela tal actriz. Boa noite! - que nenhum cogumelo a transforme a noite em dia e me acorde. (adenda das 11:30: a actriz não apareceu!)

*a autora do livro foi premiada com uma coisa com o nome Commander of the Order of British Empire!!

Sem comentários: