Esteiros é uma obra literária neo-realista de Soeiro Pereira Gomes. Uma obra de 1941 maravilhosa de se ler, mas sem que isso nos faça perder o sentido da dura realidade da época. O livro por onde li era de 76 e passou pelas mãos de alguém que o sublinhou e comentou, penso que tenha sido uma professora, tendo em conta a natureza dos sublinhados. No início, logo na dedicatória surge o seguinte sublinhado por ela feita:
Para os filhos dos homens que nunca foram meninos escrevi este livro.
Foi para eles que Soeiro dedicou a obra.
Logo abaixo, a leitora escreveu um interessante comentário:
Ser menino é um “luxo” de classe.
Ora, isso assim era. Ser-se menino era um luxo naquela época. Felizmente que hoje uma criança poder ser menino é tomado pela maioria de nós como uma necessidade e um direito humano. Contudo, pelo rumo económico-social em que ainda nos estamos a deixar ir, questiono-me, até quando este direito (ou será privilégio?!) de uma criança ser criança continuará a ser uma realidade aqui mesmo em Portugal?
A todos que, como Soeiro Pereira Gomes, lutaram para que os seus filhos e o dos outros pudessem ser crianças, o mínimo é estarmos gratos, ao invés de os premiamos com estúpidos preconceitos, e o ideal seria juntarmos a eles na luta pelo direito das crianças serem crianças.
Post dedicado às crianças que já não podem ser crianças.
Post dedicado às crianças que já não podem ser crianças.
Sem comentários:
Enviar um comentário