sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Maior produtividade, igual a menos tempo de trabalho e mais emprego?

 Este gráfico desencadeou dois comentários que registo mais abaixo:
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Ora, a análise de um amigo a estes resultados é curiosa, apesar de ser o pensamento dominante, sobretudo nos média. Ele sucintamente diz que: 

"Maior produtividade" ⇒ "melhor economia" ⇒ "menos desemprego" ⇒ "mais direitos para os trabalhadores" ⇒ "menos horas de trabalho".

Gostava de entrar em diálogo com ele para aprofundar o seu raciocínio e ser antitese à sua tese.

Penso que este meu amigo não está a ver bem a coisa, e temo que ela seja antes assim:

Se há condições sociais e tecnicas para se produzir algo por menos horas de trabalho, então há condições para todos trabalharmos menos tempo e termos mais tempo livre. Mas é isso que acontece na realidade? Não. Devido às relações sociais existentes, em que os possidentes do capital detêm mais poder do que os trabalhadores, esse tempo livre é transformado em desemprego. Não o fazem por maldade, mas por interesse: os capitalistas têm a necessidade de baixar salários para contrariar a tendência para zero das taxas de lucro. [1]

O desemprego, por sua vez, força os salários a baixar. Como o faz? A força de trabalho é uma mercadoria, e sendo certo que é especial por ter como invólucro seres humanos, não há "boa moral" que detenha a lei da procura e da oferta. Quanto mais a oferta de força de trabalho excede a procura, maior é a tendência para o seu preço baixar.

Surge uma contradição: ao mesmo tempo que baixam salários, os capitalistas precisam que os trabalhadores tenham poder de compra. Ora, só à luz da dialéctica isso é fácil de se compreender, trata-se de uma das contradições centrais do sistema social em que vivemos: o capitalismo. [2]

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