terça-feira, 2 de setembro de 2014

O Desperdício - elemento estrutural

Erro comum e clássico dos nossos tempos é tratar da Economia como sendo sobretudo gestão dos dinheiros, confundindo-se também Economia com Finança. Miséria das misérias da Economia, como ciência, é que as faculdades ensinam com ênfase nesse mesmo erro. O dinheiro é como uma imagem do valor, não é o valor em si. Por outras palavras: há um hiato entre o valor de algo e o seu valor comercial. O resultado é que em vez de se estudar e se tentar gerir os recursos do planeta segundo os seus valores, apenas se olha esses recursos em valores monetários, consequência também de uma obsessão estrutural pelo lucro. 

Um supermercado é uma imensa fantasia de um mundo de necessidades satisfeitas. A mercadoria vira fetiche. Cada produto esconde uma imensa vida atrás de si, um emaranhado gigante de inter-relações humanas com escala espacial de dimensão global e, inclusivamente, na escala temporal anterior aos primeiros registos históricos. Por detrás de uma pizza congelada de supermercado esconde-se casos de produção do tipo esclavagista [1, 2, 3…], crimes ambientais [1, 2…], empregos legais pagos abaixo do limiar de pobreza [1]… 

Mas o pormenor que vou evidenciar é um facto simples e que paira à frente dos nossos olhos: o capitalismo é o sistema de produção do desperdício. Nunca antes as sociedades humanas viveram num sistema social em que o desperdício se tornasse estruturalmente necessário para a sua manutenção. Vejamos este gráfico que analisa os desperdícios de comida nos EUA, em que 40 % da comida é desperdiçada!

http://www.takepart.com/article/2014/08/28/food-waste-consumed-and-lost?cmpid=tp-ptnr-upworthy

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