A cadela da vizinha aqui do prédio ao lado costuma vir largar o cocó no relvado das traseiras. Ela é vista com o saquinho na mão pela vizinhança, mas digna como é, distinta desde a roupa até ao penteado, não ousa perder a postura para cavar um buraco antes da aplicação da adubagem e posterior acomodar da nutrição, e, assim sendo, restaria uma solução até agora nunca presenciada por ninguém: ser a cadela a limpar. Contudo, é no animal que comunidade deposita a sua réstia de esperança.
«A arte não é um espelho para reflectir o mundo, mas um martelo para forjá-lo», disse Vladimir Maiakovski; ora, penso que é mesmo essa a práxis artística da vizinha. E, perante tal digníssimo, distintíssimo e nobre mamífero, tomamos a decisão de lhe render uma congratulação pelas poias com que ela arrebata o relvado, verdadeira eflorescência no contraste com a ausência de mobiliário urbano, dando à paisagem uma identidade especial perante a idiossincrasia e geometria das cagadas da cadela que deixa poucos indiferente.
Caro leitor, tenho pena de não ter uma câmara fotográfica para lhe proporcionar uma apreciação adequada da recente configuração urbanística aqui do relvado das traseiras, mas, tal como dizia há pouco, em forma de agradecimento e homenagem a tão ilustre vizinha, entre duas das suas vanguardistas obras, colocamos na relva um cartaz com a seguinte congratulação:
AINDA BEM QUE V.Exª TEM UM CÃO E NÃO UM BOI
2 comentários:
lol. pics or it didnt happen.
:-D
Por acaso existe isso... num telemóvel de alguém... Tenho de achar isso.
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