segunda-feira, 26 de maio de 2014

Deckard segundo Sartre


Deckard não queria aceitar, mas aceitou o novo trabalho como Blade Runner porque foi coagido.

Se estivesse verdadeiramente consciente da sua Liberdade teria recusado, estando ou não coagido por terceiros. Só que ele, na fase inicial do filme, ainda não apreciava verdadeiramente a sua própria humanidade.

Para apreciá-la, ele teria de ter já consciência que era responsável pelas suas escolhas, e não qualquer outra entidade exterior a determinar as suas acções.

Ao contrário dos "Replicants", os humanos não foram construídos com uma essência previamente determinada, esta última é uma construção. Em relação aos seres humanos a existência precede a essência.

Mas será Deckard realmente um humano?

(anotações e corrupções interpretativas a partir do livro Philosophy of Neo-Noir, por Mark T. Conard)

2 comentários:

C-zero disse...

«os humanos não foram construídos com uma essência previamente determinada, esta última é uma construção.»

Uma construção condicionada.
O ser humano não constrói nada que seja instantâneo e espontâneo. O ser humano constrói e constrói-se dentro das condições que o determinam. Só para relembrar: essas condições que condicionam o ser humano são, na primeira ordem, materiais. Mas pronto, isso já sabemos de tanto abordar o assunto.

Bruno disse...

Yape. O mundo é dialéctico. E a exposição (supostamente) sartriana do post não o é. Pergunto-me é se a culpa é do autor do livro de onde surge as minhas notas, ou se do próprio Sartre; e se é deste último questiono-me que motivações terá tido ele para colocar as suas ideias da forma que coloca.