A linguagem correlaciona-se com o pensamento e condiciona-o. É sabido.
Há minutos na televisão, no programa Eixo do Mal, Clara Ferreira Alves no meio de um raciocínio disse algo como: "nós não conseguimos competir com os salários do leste da Europa".
Antes de mais, "nós" quem? Só mais uma questão: e que tal, inverter a coisa, e falar que são "Eles, a leste da Europa, [que] não conseguem competir com os nossos salários"?, porque não? É que caso fizesse sentido uma competição entre salários, então porquê que tal uniformização de salários põe a linguagem a promover uma redução dos seus valores?
Clara Ferreira Alves simplesmente fez o que a maioria faz, que é expor o pensamento da classe dominante, mesmo que não saibam que o fazem, mesmo que pensem que não estão a tomar uma posição ideológica de classe. Só a burguesia - a classe dominante - tem como necessidade reduzir os salários, enquanto aos trabalhadores lhes interessa o oposto.
Não chega a fazer sentido para nós (classe trabalhadora) competirmos entre nós, mas se fizesse, quem não conseguiria competir com os nossos salários seriam os povos do leste da Europa. O objectivo dessa competição seria então a melhoria das condições de vida com aumento dos salários. Logo, a nossa linguagem deve evitar frases como a usada por Clara Ferreira Alves há minutos na TV e procurar usar a nossa própria linguagem. Mas o pensamento e linguagem da classe dominante está absorvido por todos nós, até pelo mais revolucionário dos revolucionários.
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