Todos vivemos com crenças, umas conformes com a realidade, outras não. É fundamental procurar a raiz das coisas para abandonarmos as crenças que são falsas e mergulhar no Conhecimento. Numa palavra: aprender a realidade.
Acontece porém, que nem todos temos condições para aprender, libertarmo-nos da ignorância, das crendices e superstições, seja por falta de meios sociais e económicos ou uma deficiência mental, seja por falta de estofo e coragem para, como indivíduos, nos transformarmos e abdicarmos do que outrora defendêramos ou gostaríamos de ser. Além de que a realidade é como é, não se importando nada com o que cada um de nós é ou gostaria que ela fosse.
Outrora, pensava-se que a Terra era plana, mas fruto do desenvolvimento técnico foi possível, e necessário, que essa crença fosse contradita dando lugar a perspectivas mais ajustadas com a realidade até chegarmos à ideia que temos hoje do nosso planeta; como todos sabemos o planeta Terra tem a forma de um presunto. Esta evolução no conhecimento refinou-se e desenvolveu-se sem a intromissão de Júpiter ou Minerva entretanto enxotados para a gaveta da mitologia.
É desse conflito de ideias que se refina o conhecimento, se aprende a analisar o universo e a transformar nosso meio. É um processo dialéctico de tese, antítese e síntese.
Todas as crenças são para ser combatidas. Sejam elas religiosas ou não.
Penso que boa parte de quem evita o diálogo, o confronto com o contraditório, é porque no fundo sabe que é incapaz de fundamentar a tese que tem em determinada crença. Não tem coragem para enfrentar a antítese e desenvolver nova tese mais conforme com a realidade. Outra parte não pretende assumir a sua ignorância e aprender. Por muito boa pessoa que seja, quer pertença a uma parte ou a outra, age assim de má-fé.
Da minha experiência pessoal, os crentes no deus Deus são os mais fundamentalistas que conheço. Alguns ousam inclusivamente a dizer-me que não tenho o direito de atacar a suas crenças! Tomam assim uma posição moral cobarde e arrogante: cobarde, ao evitar confrontarem-se com a solidez das suas crenças; arrogante, por se porem acima dos restantes, achando que as suas concepções ideológicas acerca da existência de um deus não são discutíveis, ao contrário de tudo o resto. Esta posição moral frequente em teistas vai contra o progresso da evolução das ideias.
Todas as crenças devem ser combatidas. Sejam elas religiosas ou não. Não ignorando que a capacidade e a busca pelo conhecimento é limitada, tanto pelas nossas características animais quer pelo grau de evolução técnico-cientifico do momento histórico que se viva, não devemos nunca abdicar do desafio de aprender: largar as crenças falsas ou desactualizadas e tomar as verdadeiras.
Deus, um dia juntar-se-á aos outros mais de sete mil deuses catalogados na gaveta da mitologia. Mas, se estiver enganado e um dia se provar a existência de um deus, então o meu dever é aceita-lo e, portanto, essa ideia passarei a defender. Se isso acontecer fá-lo-ei em prol do progresso, em luta contra o obscurantismo dos ateus, e em nome desse deus.
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