segunda-feira, 9 de abril de 2012

Férias, sinónimo de tempo livre


Uma semana de férias algures acima do Mondego. Falou-se e ouviu-se:
  • "aqui está-se tão bem!"
  • "o tempo aqui passa mais devagar"
  • "não temos pressa"
  • "é uma calma! não há stress..."
  • "é para momentos como estes que uma pessoa vive"
  • "não me apetece nada voltar [amanhã para o trabalho]"
Foi disto e de muito mais frases semelhantes que ouvi esta semana. Os autores delas falavam inconscientes, ou talvez semiconscientes, de que expressavam nas entrelinhas desejos característicos do nosso tempo: o capitalismo. Esta semana recomeça o trabalho e as 8 horas em que se vêem obrigados a vender as suas forças de trabalho, são 8 horas que condicionam todas as outras horas dos seus dias, sempre angustiados pela ditadura do relógio e dos alarmes sonoros. Por detrás do desejo, na verdade, esconde-se uma necessidade. A necessidade de tempo livre. Tempo para aqueles "momentos pelo qual uma pessoa vive".


No cimo da aldeia, a igreja, e do topo o som simulando um sino ecoava a partir dos megafones marcando as horas. É Páscoa, portanto, não tenham dúvidas que nestes dias foram as cerimónias religiosas que condicionaram e disciplinaram restantes horas do dia. Ali estava a ainda o ditador de outros tempos, a Igreja. Mas não era deste ditador que se temia, era outro, e hoje, segunda-feira, ele torna-se bem óbvio... é o relógio.

Cuidado!, pois é mera aparência: o ditador não é o relógio. Ele não é o mau desta história. Nem o tempo passa mais devagar acima do Mondego. Mas isso não interessa nada agora, cala-te Bruno, e deixa-me ouvir os passarinhos.

1 comentário:

cid simoes disse...

Os passarinhos cantam e os passarões fazem-lhes a cama.E não aprendem.