segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Cassete Pirata #6

Tive o prazer de criar uma colectânea para o Cassete Pirata - anexo do blog O Companheiro Vasco - que foi publicada hoje. A selecção das músicas resultou num conjunto de faixas de álbuns de rock progressivo, ou que têm muitas influências deste género musical, editados em 2012. Mais que despertar do interesse para algumas das músicas, desejo que esta cassete seja um ponto de partida para a descoberta de algum destes álbuns.



Lista:
["nome da faixa" - banda; (álbum)]

1. "Index" - Steven Wilson; (Grace For Drowning);
2. "Drag Ropes" - Storm Corrosion; (Storm Corrosion);
3. "Wiped Out" - Archive; (With Us Until You're Dead);
4. "Insolence" - Shearwater; (Animal Joy);
5. "Water / Sand" - iLiKETRAiNS; (The Shallows);
6. "Even Less" - Porcupine Tree; (Octane Twisted);
7. "The Infant" - Kotebel; (Concerto for piano and electric ensemble);
8. "Judas Unrepentant" - Big Big Train; (English Electric (Part. One));
9. "Shadow Of The Hierophant" - Steve Hackett; (Genesis Revisited II).

sábado, 29 de dezembro de 2012

Detachment (2011) - 9

Um dos melhores filmes que vi este ano. Filme simples sem histrionismos artísticos e aparentemente só mais um filme. Mas não é só mais um filme. A história não é original nem propriamente imprevisível, mas subtilmente toca em muitas e importantes áreas do que é ser-se humano.

O sistema de ensino público, decadente, no pior que os EUA apresentam, é o palco desta passagem sem grande sentido de vida de algumas esquecidas personagens pelo mundo. A desesperança e indiferença é quase omnipresente, tal como, sem qualquer ironia, uma insustentada esperança também o é, e é-o indispensável às mais pequenas acções do dia-a-dia, em que os personagens, mergulhados numa profunda alienação, participam numa luta individual pelo não corromper das suas almas numa sociedade de almas corrompidas. Não estou a fazer um jogo de palavras contraditórias, estou a caracterizar a confusão e interacção de pensamentos e acontecimentos opostos que ocorrem no filme. É uma luta pessoal, de cada personagem, pela sobrevivência e consciência - com auto-conhecimento -, e a capacidade de se emanciparem a partir de estímulos literários e afectivos provenientes de uma improvável escola pública, que embora decadente, permite, quase como fruto do acaso, a evolução pessoal de um conjunto de jovens cuja autonomia como seres pensantes ficar-se-ia, pelas condições do seu meio, remetidas ao conformismo, presos para sempre nas suas cabeças, estrebuchando através de uma rebeldia contra o vácuo, mas felizmente, libertam-se...

Henry Barthes - o professor de Inglês -, magnificamente interpretado por Adrien Brody, faz da disciplina que lecciona, da Língua, uma ferramenta de emancipação e de (auto)-consciencialização para os alunos, exactamente o contrário que vivi com todos os meus "professores" de Português. Mas, estes alunos do Sr. Barthes libertam-se mesmo? Surge-me essa dúvida com a leitura de Poe no final que...

DURING the whole of a dull, dark, and soundless day in the autumn of the year, when the clouds hung oppressively low in the heavens, had been passing alone, on horseback, through a singularly dreary tract of country; and at length found myself, as the shades of the evening drew on, within view of the melancholy House of Usher. I know not how it was -- but, with the first glimpse of the building, a sense of insufferable gloom pervaded my spirit. (...) I looked upon simple landscape of the domain --upon the bleak walls -- (...) and upon a few white trunks of decayed trees --with an utter depression of soul (...). There was an iciness, a sinking, a sickening of the heart...

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Inocência? Ingenuidade? Ambas, ou outra coisa?

Quando uma pessoa atinge a idade de chamar ao PS de esquerda, já a idade da inocência se foi.

Não me parece adequado infantilizar um adulto chamando-lhe de inocente. Para mim, uma criança pode ser inocente, mas um adulto, neste contexto, não. Chamar-lhe-ia antes ingénuo, ou então uma outra coisa qualquer.

(Isto surgiu-me a propósito deste post no Companheiro Vasco, não em relação ao conteúdo do texto, mas a uma escolha de palavras de importância menor.)

Evito utilizar o termo esquerda, mas já que é tão usado, o que será ela? A fronteira entre a esquerda e a direita define-se entre aqueles que executam políticas em favor da classe trabalhadora e os que o fazem em favor do capital. Isso denota-se com elevado peso na legislação laboral, por exemplo. Dessa forma, na nossa Assembleia, à esquerda está o PCP, BE e Verdes, e à direita o PS, PSD e CDS.

Peço imensa desculpa ao leitor por estar a falar destas coisas, e prometo que volto em breve a assuntos estéreis, mas permitam-me, por favor, que tenha criado este post só para confessar o seguinte: Fascina-me a existência de uma imensa quantidade de bem-intencionados que continuam a crer o PS como situando-se à esquerda! Vejo-os, muito honestamente, como gente verdadeiramente bem-intencionada, mas penso, se no fundo, não será esta (boa)-fé uma má-fé.

La science des rêves (2006) - 8

Isto não é um blog de cinema. Nem percebo da coisa. Também não faço por parecer que percebo. O mais estranho é que pouco ou nada falei de música neste blog que é algo de que gosto bem mais e percebo bem mais. Definitivamente, isto é um blog de alienação intervalados de momentos em que compenso com a merda da realidade. Este é um filme de esquizofrénico quase como este blog. É um filme de alienação, de sonho, mas sonho alienado.

Deu-me um imenso prazer ver este filme. Foi uma valente dose de fantástico, imaginação, delírio, fuga da realidade. Quero é que o filho da puta do Primeiro Ministro se foda. Preciso disto: imaginar unicórnios a correr pelos prados com fraldas metidas para não borrar os lençóis. Ok, nem tudo é perfeito no filme, tive de aturar mais uma história de amor. Que lindo casalinho!!! Por acaso, só para me aborrecer, até gostei.

Tão distante está a realidade concreta da realidade desejada!; que assim não dá para levar a mal quem se remete à fantasia, à negação do concreto, compensando seus aparelhos neurológicos através de sonhos e delírios auto-realizantes. Neurose! Viva à neurose! Não levo a mal? Levo levo, pois se alguém me repetir que a felicidade vem é de dentro, enfio-lhe um supositório com princípio activo de Ary dos Santos com campânulas à Terry Gilliam que a fome, desemprego e os desabrigados desaparecem por magia só para lhes dar razão. Não é campânulas, mas cápsulas, o corrector autográfico disto é que se passou ao ver unicórnios em fraldas; ele nunca tinha visto fraldas. Que filme! Gostei.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Perfect Sense (2011) - 6

Como fazer de uma boa ideia para um enredo, um bom filme? É que no início de Perfect Sense (trailer) tudo parecia demasiado parvo e sem consistência. O filme resume-se a uma relação amorosa num mundo pré-apocalíptico rumando para um previsível fim. E é só! Se é que ter juntamente uma relação amorosa e o fim pudesse ser só e nada mais que apenas isso: só. Só?

Eva Green a contracenar com um gajo qualquer lá atrás
Talvez não seja um bom filme, mas vale a pena vê-lo. Ou talvez não valha e tenha, somente, sido uma noite apropriada para eu desfrutar deste filme. No fundo, por muito complexo que possa ser o Fim, como assunto que remete para o sentido da vida, o filme é e faz-se simples:

Eva Green a contracenar com uma folha castanha
a vida é um sopro... Boa noite.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Apagão

Não há luz. Felizmente que uso um portátil. O resto do pessoal não sabe o que fazer e parecem tantãs. Enquanto isso eu escrevo isto para passar o tempo. Devia ser assim que nos séculos transactos faziam. Escreviam no portátil à luz das velas. Até é engraçado!

Por que será que falha tantas vezes a electricidade neste sector de Oeiras? Um amigo há uns anos falava que na EDP se andava a poupar nas infra-estruturas de distribuição, e que em caso de falha de um sector a possibilidade de este ser compensado com ligações secundárias era inferior. Reforçava ainda que isso iria começar a acontecer cada vez mais frequentemente. Se não foi isto que ele disse, foi o que interpretei das palavras dele. Seja qual for a correcta explicação técnica, pensei imediatamente que era mais um exemplo de um serviço público em decadência. Perdemos na qualidade de um serviço para uns poucos os ganharem em lucros.

Enquanto aqui estou à espera que a luz volte para ter acesso à net e transformar isto em post, lembrei: para o ano o preço da electricidade vai subir. Que bom! Velas! Não sei também o que fazer. Será que este apagão é um contributo da câmara municipal ao aumento à natalidade? Boa ideia! Estarei tantã...

(cerca de três horas depois há luz...)

sábado, 15 de dezembro de 2012

Sobre a "Moeda Única" - Carlos Carvalhas, em 1997


"A moeda única é um projecto ao serviço de um directório de grandes potências e de consolidação do poder das grandes transnacionais, na guerra com as transnacionais e as economias americanas e asiáticas, por uma nova divisão internacional do trabalho e pela partilha dos mercados mundiais.

A moeda única é um projecto político que conduzirá a choques e a pressões a favor da construção de uma Europa federal, ao congelamento de salários, à liquidação de direitos, ao desmantelamento da segurança social e à desresponsabilização crescente das funções sociais do Estado."
Carlos Carvalhas, em 1997
Pois é, afinal tinham razão! A mim também me custou admiti-lo, mas...

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Pistas sobre a essência espiritual da caridade*

Não sou de falar de pessoas, e quem segue este blog ou o outro, sabe que isso raramente acontece. Acho mesmo que nunca o fiz. Há tempos quando uma tal Jonet disse umas "infelicidades", limitei-me a falar e a promover a reflexão para o que é a caridade. Antes, quando um tal Relvas era indignação da semana como exemplo de um trafulha, promovi então uma possível reflexão acerca da fulanização da política e da compreensão dos mecanismos que faz termos trafulhas no poder de Estado.

Agora, podia cair no erro de remeter o conteudo de um post a uma pessoa: a tal Jonet, outra vez. Mas não o farei. Limito-me a perguntar-me publicamente como é possível declarações como esta:


Para salvaguardar a minha saúde vou imaginar que à frente de inexplicável está um ponto de exclamação, e que «É inexplicável» seja somente uma forma de expressão. Mas logo de seguida a minha saúde degrada-se.

Como é possível uma pessoa estar tão aliada da realidade?! E será que custa muito compreender que os factores materiais [que têm matéria, massa] são os que definem os comportamentos, a maneira de pensar e de ser das pessoas? Onde quero chegar é: o que está primeiro? A matéria ou o espírito?
*só a ver se com títulos destes tenho mais leitores

Adenda (11/12/2012):
http://o-companheirovasco.blogspot.pt/2012/12/monica-ataca-de-novo.html

sábado, 1 de dezembro de 2012

Colectânea de artigos (Novembro de 2012)