quinta-feira, 25 de julho de 2013

Cabe a cada um de nós escolher de que lado está


Quem, apesar de tudo o que se passa, ainda não percebeu, ou não quer perceber, que a nossa sociedade distingue-se das anteriores por se dividir em duas classes sociais em confronto por satisfazer as suas antagónicas necessidades, terá dificuldade em perceber o que significa este "nós" e "eles" na citação acima.

Nós necessitamos de saúde, educação, trabalho e habitação. Eles necessitam da propriedade privada (dos meios de produção) para gerar o ainda «deus todo poderoso» lucro. Note que só alienando a possibilidade de acesso a estes direitos humanos no Serviço Nacional de Saúde é que se abre lugar à sua comercialização e negócio dos privados.

É a luta de classes: pode nem sempre parecer mas ela está sempre a ocorrer.

Tudo é de alguma forma consequência desta relação de forças entre Nós e Eles, e naturalmente, o parlamento é um reflexo disso. Não nos basta ter a razão, é preciso ter os meios para a difundir, mas os média dos grandes grupos económicos são esmagadoramente predominantes. A mentira e a sua massificação é a via deles para manter o status quo e respectiva distribuição parlamentar. [vídeo 1 e 2]

Cabe a cada um de nós saber a sua posição na sociedade e escolher de que lado está. Não há aqui lugar à neutralidade.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Do Communists Have Better Sex?

Neste documentário explora-se as diferenças entre a sexualidade na Alemanha Oriental (RDA) e Ocidental (RFA). Quando conto não acreditam... o preconceito é tão grande que...

É surrealmente superior a emancipação feminina, individual, na sociedade e dentro da família na RDA, mesmo há 50 anos atrás, quando comparada com o nosso Portugal em pleno século XXI. No fundo aquilo que eles já tinham é aquilo que buscamos em relação à educação, aos afectos e a forma das pessoas se relacionarem, a primazia do amor sobre as instituições (ex: casamento), etc etc.

O à-vontade das declarações de algumas mulheres em relação ao sexo e às suas relações conjugais são praticamente impensáveis de ver nas nossas TVs. Quintino Aires nas manhãs da TVI só no meio de risinhos é que lhe é permitido falar de certos assuntos, porque é psicólogo, e não uma dona de casa.

Implícito neste vídeo pode estar também uma reflexão sobre a Liberdade. Nos anos 80 havia referências na imprensa de que na Polónia não havia sequer um McDonalds, como se isso fosse um facto necessariamente negativo, tal como na RDA a pornografia não era permitida. Mas afinal era na RDA ou na RFA que havia maior liberdade (sexual)? A verdade é que Liberdade está intimamente relacionado com a satisfação das necessidades humanas, e não necessariamente com a quantidade de escolhas de consumo (como a comida de merda ou pornografia). As necessidades por satisfazer continuam ainda nos afectos, no sexo, na falta de tempo livre para cultivar os mais variados tipos de relacionamentos...

O preconceito é tanto em relação aos comunistas que ver algumas das imagens deste filme deixa a nu (literalmente) que algo não anda a ser bem contado e... enfim, resumindo: se gostas de foder e/ou de fazer o amor vê este documentário.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Salt of the Earth (1953)

Escreveu o António Santos no kontra korrente assim sobre o filme:
“Como posso começar a minha história que não tem começo? O meu nome é Esperanza, Esperanza Quintero. Sou a mulher de um mineiro. Esta é a nossa casa. A casa não é nossa. Mas as flores… as flores são nossas. Esta é a minha aldeia. Quando eu era uma criança, chamava-se São Marcos. Os “anglos” mudaram o nome para Zinc Town. Zinc Town, Novo México. As nossas raízes neste lugar são profundas. Mais profundas que os pinheiros, mais profundas que a mina”. Assim começa O Sal da Terra, que esteve banido nos Estados Unidos até aos anos 60. Todos os envolvidos na sua produção foram adicionados à infame lista negra do cinema norte-americano; a protagonista foi deportada para o México e o argumentista passou mais de um ano na prisão. Porquê? Porque este filme é perigoso por ser simultaneamente tão belo e tão corajoso. A luta dos mineiros norte-americanos vista de uma perspectiva de classe em que as mulheres e os imigrantes são líderes e iguais.
O filme está agora em domínio público e pode ser visto na integra aqui:

domingo, 7 de julho de 2013

Novecento (1976)

Novecento (ou 1900) é um grande filme. Grande, em todos os sentidos. É constituído por 5 horas (dividido em duas partes) que são uma verdadeira lição.

Quanto hoje em Portugal temos - nunca como agora foi tão claro - um governo composto por fascistas, quando hoje a fascização do regime se desenvolve a olhos vistos para garantir as taxas de exploração em prol da alta finança - e muitos sem ainda darem por isso -, este filme é uma ferramenta de estudo de visionamento obrigatório.

Um filme que ajuda a perceber o passado, a situar-nos no presente e a prever e lutar pelo nosso futuro colectivo.



Escreveu António Santos no kontra korrente assim:
1900 é inigualável. Os campos da Emília-Romanha são a tela para a metáfora acabada do que foi o século XX, onde dois rapazes e duas classes sociais crescem e aprendem, separados por interesses inconciliáveis. Cada fotografia deste filme é um quadro repleto de beleza; todas as actuações, de Gérard Depardieu a Robert de Niro, são brilhantes; a música, de Ennio Morricone, é sublime. 1900 fala sobre a génese do fascismo, a vida dos que trabalham e a luta pelo socialismo na linguagem comum de toda a humanidade: o amor, o ódio, a compaixão e a solidariedade.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Goebbels ao pé disto é um amador


As últimas 48 horas ajudam a pôr a nu o papel dos comentadores fixos das TVs.

Os comentaristas são sempre os mesmos. Aparentam conhecer conhecimentos e serem especialistas em tudo e, em particular, do geral. São pagos para encher chouriços. A superficialidade ou a mesquinhez da "pequena política" imperam.

Mas também têm como função restringir o espectro de discussão de acordo com os interesses de quem lhes paga e, simultâneamente, promovem dentro desse espectro a discussão criando uma ilusão de liberdade política. No conjunto formam uma névoa que nos dificulta a todos a análise dos factos e do mundo.

Por vezes, nesta névoa dos fazedores de opinião, damos por nós a tomar por sérias e cruciais questões que são completamente acessórias, e até a esquecer acontecimentos, esses sim fundamentais, que ocorreram no próprio dia.

Esta quadrilha comentaristas do regime fazem de Goebbels um amador. Ele dizia que “De tanto se repetir uma mentira, ela acaba se transformando em verdade”. Hoje a manipulação está mais refinada, mas continua com o rabo de fora.

Quem se confia exclusivamente aos média dos grandes grupos económicos dificilmente consegue sair fora do rebanho. Pode até ver que a manipulação tem o rabo de fora, mas sem estímulos alternativos fora do tal espectro de discussão é impossível ao carneiro sequer reconhecer-se como parte da carneirada.

Não se deixem enganar por estes servis comentaristas fixos.