sábado, 31 de dezembro de 2011

O Eclipse do Sol

A Matemática é uma coisa que dava jeito. Sei que ela era útil para calcular áreas, percentagens, relações entre quantidades, e outras excentricidades da sociedade moderna. Sim, ela era útil! A matemática era útil antes de o jornal Sol a ter abolido. Eu explico.

Esse jornal noticiou que «Greves tiram 8 milhões de euros de receita à CP este ano». À primeira vista pensei que era uma daquelas notícias para tentar colocar a população contra os grevistas e evitar que estejam contra governos ou administrações da CP. Mas, na verdade, o que o Sol queria era eclipsar a Matemática e subtilmente esqueceu-se de disponibilizar dados obviamente pertinentes que dariam significado aos 8 milhões referidos. Bastaria, no mínimo, terem acrescentado que a dívida da CP é de 3300 milhões de euros.

Mas, com o dado que nos é disponibilizado, apenas daria para calcular a área caso a CP fosse um quadrado, logo, se fosse o caso, a área da empresa seria de 8 milhões vezes 8 milhões, igual 64 milhões de euros quadrados de área. Para percentagens e relações entre quantidades já seria preciso mais dados, e caso tivessem disponibilizado somente o dado sobre dívida total da CP poderíamos então concluir, por exemplo, que... vejamos:
  • com uma simples regra três simples podemos concluir que as greves afinal apenas representam 0,24% da dívida da CP; [link]
  • dividindo os 3300 por 8 milhões poderíamos ficar a saber que dívida da CP equivale a mais de 412.5 anos de greves como as de 2011 - mais de quatro séculos!
 O grave nisto não é a ocultação de informação que impossibilita tirarmos conclusões importantes. O grave disto não é a inocente tentativa de manipulação para nos virar contra os trabalhadores da CP. O grave disto é que estudei mais de uma dezena de anos Matemática para nada. Ela foi vítima do eclipse do Sol. Haja Jazz:

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

É escusado manifestarem-se pois não vou ceder

Há dias foi a pré-inauguração aqui do blogue. A inauguração mesmo inauguração será no dia 1. Está a ser preparada a festa um pouco por todo o lado.

Haverá novidades. A letra vai mudar no dia 1. Não se pense que esta mudança se vai fazer por causa do levantamento popular que ocorre agora à porta do blogue. Nada disso. Vou mudar a letra porque eu quero. Não pensem que estou a ceder à pressão dos manifestantes. Não estou. Mas agora agradecia que parassem de gritar "muda a letra"... quero dormir, nem que para isso mude a letra do blogue.

Mudo a letra, mas porque quero. E não por cedência à pressão que me estão a exercer. Acho que já tinha dito isto. Portanto, dia 1 é a inauguração.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A metade pobre dos EUA (2/2)

É importante reiterar que o crescimento da pobreza é inerente ao capitalismo. De facto, Karl Marx, ao escrever em 1848 o "Manifesto Comunista", antecipou a descrição dos 1% versus os 99%.

Argumentando contra os capitalistas, que se queixavam do programa comunista de abolir a propriedade privada dos meios de produção, Marx escreveu:
"Horrorizais-vos por querermos suprimir a propriedade privada. Mas na vossa sociedade existente, a propriedade privada está suprimida para nove décimos dos seus membros; ela existe precisamente pelo facto de não existir para nove décimos. Censurais-nos, portanto, por querermos suprimir uma propriedade que pressupõe como condição necessária que a imensa maioria da sociedade não possua propriedade.

Numa palavra, censurais-nos por querermos suprimir a vossa propriedade. Certamente, é isso mesmo que queremos. (in Manifesto Comunista (1848) )
Marx escrevia acerca de um décimo da população versus os nove décimos durante as primeiras fase do capitalismo, antes de a vasta concentração de riqueza, que ele previu, ter alcançado as proporções do século XXI. De facto, hoje apenas uma minúscula fracção dos 1%, os bilionários, controla realmente a riqueza.
Daqui: http://resistir.info/eua/pobreza_21dez11.html
Trazida pel'O Pirata.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Alegra-te cão cachorro
que amanhã tens fartadela
morreu o cabrito manso
da nossa cabra amarela.
 
Autor desconhecido. Aparentemente, era algo que se dizia nos arredores de Viseu quando... enfim.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A metade pobre dos EUA (1/2)

O New York Times solicitou ao Gabinete do Recenseamento números com base nestes novos métodos de calcular a pobreza oficial. A nova percentagem foi chocante. O Times publicou suas descobertas em Novembro. Ali era declarado que 100 milhões viviam na pobreza, ou uma em cada três pessoas nos EUA.

Mas um mês depois, em Dezembro, a Associated Press publicou suas descobertas baseadas nos novos cálculos. Ela descobriu que 150 milhões – o que significa cerca de uma de cada duas pessoas – era pobre ou "quase pobre". Quase pobre significa lutar para pagar contas.
 
Daqui: http://resistir.info/eua/pobreza_21dez11.html
Aqui trazido pelo O Pirata.

Rumo ao Fascismo

Há poucas semanas foi aprovada nos EUA o National Defense Authorization Act (NDAA) de 2012. Tem sido noticiado como sendo uma nova Lei Marcial que permitirá que as forças militares prendam qualquer cidadão sem julgamento (!) e que possam mantê-lo preso mesmo após ser confirmada a sua inocência (!!!). [vídeo 1]

Nos últimos anos, campos prisionais da FEMA têm sido construídos pelos EUA [vídeo 2]. A Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA) tem como função principal coordenar as respostas a desastres que superem os recursos das autoridades locais e do estado, e para entrar em acção o governador do estado no qual o desastre ocorre deve declarar o estado de emergência. Desastres naturais como o Katrina, ou outros casos de excepção, como por exemplo em motins, a agência poderá ser chamada a agir. [3]

Penso que a opressão do Estado é tão ou mais violenta quanto a necessária para manter o status quo. O Estado burguês norte-americano parece estar a preparar-se para elevar a sua capacidade repressiva perante um previsível aumento da resistência popular. Agora com o NDAA aprovado, se o estado de emergência for accionado, qualquer acto de cidadania poderá ser motivo de prisão. Olhando para o EUA podemos precaver-nos quanto ao nosso futuro aqui em Portugal.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Sinal de Alarme

Dei com um artigo no Público sobre um rapaz que deixa diariamente uma flor na última carruagem do metro. Junto, deixa num papel uma mensagem de. . . coiso.

O objectivo é “obrigar as pessoas a parar”, diz ele. Parar e perguntarem-se “O que ando aqui a fazer?”. “Só se pensa nisto quando ficamos doentes ou morre alguém. Hoje, as pessoas estão a ficar completamente soterradas”. E falar do. . . coiso “também assusta muito”, acrescenta.

Vejamos: as pessoas são logo entrada do metro domesticadas no ritmo pelos torniquetes, depois enquanto olham para as estações que faltam até ao destino o abrir e fechar das portas serve como segundo regulador do tempo, tudo com a preocupação inconsciente de não falhar com a ditadura das horas. Adormecidos por um padrão repetido diariamente, sempre igual, uma flor é o imprevisto que serve como despertador. Acordar (quando já estaríamos acordados) é um incómodo que torna a acção do rapaz da flor um acto potencialmente subversivo.

Escrever amor, e largar o coiso, é capaz de ser também subversivo - penso eu agora que parei para escrever. Quatro parágrafos! E, é assim, com este post que pela primeira vez do blogue se faz Jazz. Não é coiso que se diz, é amor. E o amor é Jazz.


O mito de Natal

Nós estamos aqui a festejar exactamente o quê? - ousei perguntar. Expressões faciais provocaram-me instintivamente uma ansiedade cuja perigosidade foi confirmada por olhares ameaçadores. Há assuntos que não se pode falar, percebi.


Nervoso, evitando levar com o menino Jesus do presépio num olho, lá tentei minimizar a tensão momentânea com um «É o solstício de inverno que estamos a festejar, né?»
Alguém retorquiu que isso foi já uns dias atrás. E uma corajosa afirmou:
- Estamos a festejar o nascimento do menino Jesus. - dito com tom de desagrado!
Incauto, lá ia eu fazer outra pergunta acerca do mito religioso quando alguém em tom perturbado:
- Estão aqui as crianças!


Pelo sim pelo não, não puxei pelo assunto antevendo uma possível tragédia familiar em noite de Natal. Sinceramente, o que temi foi ficar sem presentes. Mas afinal havia dois mitos esta noite: o primeiro, era os meus presentes; quanto ao segundo, não é que eu tenha medo, mas receio falar nele. Pelo seguro, para o próximo ano volto a fazer o que fiz há dois anos quando apenas troquei o mito por um cão porta-chaves.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

República Popular Democrática da Coreia e o falo troikês

Cá está a primeira citação saqueada pel'O Pirata. É um saque em segunda mão feito algures no facebook. A vítima foi o André R.:
«Sabemos que algo está profundamente errado quando as pessoas parecem saber mais de um país que fica do outro lado do mundo e com um contacto com o exterior praticamente inexistente, do que do gigantesco falo troikês que lhes penetra a bunda violentamente de luz acesa e sem tácito consentimento em casa todos os dias.»
Como disse Bertolt Brecht:
Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o aprisionam.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Pirata

Este é o Pirata. Ainda muito pouco sei dele mas a sua vida é navegar por essa internet fora a piratear. É mestre do copy e paste e não gosta de pedir licença para roubar ou sequer indicar as fontes. Aos meus leitores asseguro que estarei de olho no zarolho, e sempre que puder evitarei que ele faça tudo o que quer à sua maneira; isso não sucederá por aqui.


Diz ele que perdeu um olho na guerra civil em Espanha enquanto subia num bote o Sado. Algo não me parece bater certo nesta estória, mas receio fazer perguntas incómodas. Refere que a única coisa que tem em comum com o governo é anunciar os roubos que faz. Não pelo Diário da República, mas que aterrorizará com o brinco o autor deste blog para publicar os seus anúncios.

Revela que amanhã tem já programado uma ida por águas do facebook gamar um tesouro que tem debaixo dos olhos... olho. E grita: «vô dar à proa, nã tenho ma'nada a dezer. perdi no Sado a minha perna dançarina de Jazz».

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Pré-inauguração do estaminé

Não sei o porquê deste blogue. Imagino que isso seja algo só possível de responder no campo da Psicanálise, portanto azar o meu. Mas se Tom Waits canta que the night does funny things inside a man, neste caso o tédio fez o mesmo e está criado o Três Parágrados.

Muita coisa fica por explicar. Por exemplo, por que motivo estou a escrever com letra de gaja? Mas o que interessa não é tanto a forma e sim o conteúdo, e certamente que muito conteúdo será possível escrever em meros três parágrafos. Ou não.

Será um blogue sério ou de comédia sem sentido? Serão os escritos realidade ou ficção? Irão ao cerne das questões ou ficar-se-ão pela rama? Desconfio que sei as respostas: a ambiguidade será um gozo do caraças... Podia ser mais concreto? Podia, mas para isso este post seria Jazz.